Literatura de Bordel

Isto não é um blog! É apenas um pedaço de nada dedicado a minha loucura. Por isso, fique a vontade e CUIDADO para não pisar nos periquitos.

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Local: Lisboa, Lisboa, Portugal

Publicitário, 35 anos, carioca radicado em Lisboa. Este sou eu, pelo menos por enquanto.

quinta-feira, novembro 03, 2005

Dorminhoco.

Certo dia, acordei com muito sono e resolvi cochilar mais um pouco.

Acordei, todo cagado e mijado em um quarto branco, vestindo uma roupa um tanto quanto apertada, debaixo de um lençol azul, com um cano enfiado guela abaixo e com uma porra de uma agulha fincada em meu braço.

Ao meu lado, mais duas pessoas dormiam e continuaram dormindo, sem esboçar qualquer reação.

Uma enfermeira me olhou com uma cara de espanto e começou a chorar muito. Ajoelhou-se ao meu lado e gritou: “É um milagre!”

Em pouco tempo uma série de médicos apareceram. Tiraram o cano da minha boca, confesso que foi um alívio, logo em seguida me limparam e começaram a me apalpar insanamente. Disseram que logo tudo seria esclarecido. Pedi pra ver a minha mulher. Falaram que isso já seria providenciado.

Depois que me trancaram no quarto não vi mais nada. Não conseguia identificar claramente o que acontecia do lado de fora. Podia sentir que um certo tumulto estava em andamento no corredor.

Estava tão desnorteado que não conseguia pensar em outra coisa a não ser nela, no meu porto seguro, na minha esposa.

Horas depois, entrou um médico com uma velha ao seu lado. Ele disse que aquela era minha esposa. É claro que fiquei nervoso! Eu sabia, melhor do que ninguém, que aquela não era a minha mulher.

Aquela velha ficou ali, na minha frente, falando um monte de besteiras. Dizendo que eu tinha dormido por trinta e seis anos, que ela havia se casado novamente, que meu filho tinha morrido de overdose, que meus pais haviam falecido – meu pai de cancer e minha mãe de tristeza.

Eu dei um berro e mandei ela ir embora. O médico pediu pra eu me acalmar e retirou a velha mulher em prantos do quarto. Achei que aquilo tudo não passava de um pesadelo, virei para o lado e fiz o que qualquer pessoa no meu lugar faria: voltei a dormir.

Vida nova.

Quando estiver prestes a morrer, naqueles instantes finais, em que a consciência está para abandonar o corpo ad eternum, não quero me arrepender. Por isso, deixo registrado aqui, que a partir de hoje, não serei mais a mesma pessoa.

Deixarei a rigidez de lado. E isso vai servir para todos que me cercam e, também, para mim. Mas, para que isso aconteça, terei que ser menos objetivo, afinal, não tem como ser menos rigido sendo objetivo. Por isso, a partir desse momento, a subjetividade fará parte da minha essência. Agora, para ser subjetivo, não posso mais ser ansioso, afinal, todo tempo do mundo será pouco para dar uma resposta. Logo, uma calma transcendental encherá o meu espírito e transbordará pelos meus poros. Por falar nisso, tenho que começar a acreditar que tenho um espírito, assim, além de manter a calma, posso me desapegar dos bens materiais, passar a ser solidário e claro, dar sem esperar receber qualquer tipo de recompensa nesta vida.

Ótimo, a cada segundo me sinto melhor, mas ainda tenho muito trabalho pela frente. Por isso, está decidido que, jamais me considerarei novamente dono da verdade. Eu não preciso disso! Já existe um monte de gente falando o que é verdade, o que é certo e o que é errado, assim, nunca mais ninguém me verá defendendo ardorosamente um ponto de vista que, teoricamente, é tão verdadeiro quanto um deus. Blasfêmia! Não posso dizer isso outra vez. Se, tenho um espírito, é óbvio que o mesmo é um presente do Divino. Ah sim, a partir desse momento não serei mais agressivo, não! Afinal, saberei entender e perdoar a todos que me cercam e a mim. Serei generoso, doarei tudo que tenho, e farei da minha vida uma cruzada pela compreensão. Compreenderei que todos os seres humanos são lindos, exatamente por serem diferentes.

Próximo passo: abandonarei a carne. É uma tremenda brutalidade o que eles fazem com os animais. Ninguém merece passar por isso, nem mesmo um animal. Viverei apenas de vegetais. Já posso sentir o poder da natureza regogizando em meu ser. Paz, finalmente paz... A paz interior, a paz que se sente, a paz que se faz perceber, a paz que sublima. Serei um novo homem, sem defeitos, apenas virtudes e amor transbodarão de minha alma.

Agora, se, depois de tudo isso, algum filha da puta, ignorante, radical, lerdo, almofadinha, ateu, dono da verdade, comedor de carne, me encher o saco. Eu juro, por tudo que há de mais sagrado que, em menos de um segundo, eu estouro ele de porrada, como seu fígado, estupro sua mãe, roubo sua carteira, cuspo na sua cara, torturo seus filhos e faço ele pedir perdão de joelhos e jurar por deus que nunca mais vai fazer uma idiotice dessas de novo!

terça-feira, agosto 30, 2005

Parcimônias - R$ 1,99.

Quem disse que eu sou insensível? Isso é uma tremenda de uma mentira, sou sensível pra caralho! E, se você ficar repetindo esse assunto, vou te encher de porrada. Não quero nem saber se o corpo da sua vó chega hoje ou não. E vê se engole esse choro, senão além de arrebentar a sua boca, estoro toda a sua família no velório, sua vagabunda. Jamais repita que não sou um cara sensível.

Olha que gracinha os meus cachorrinhos brincando.

De repente o tênis.

Não posso usar esse tênis, escorrega. Não posso escorregar, quebra. Não posso quebrar, trabalho. Não posso trabalhar, estresse. Não posso estressar, engordo. Não posso engordar, deforma Não posso deformar, amo. Não posso deixar de amar, depressão. Não posso deprimir, isolado. Não posso me isolar, relação. Não posso deixar de me relacionar, diversão. Não posso deixar de me divertir, vida. Não posso deixar de viver, morte. Definitivamente tenho que achar outro tênis.

Parcimônias - 2.775,42

Existe uma linha muito tênue que separa a genialidade da loucura, eu apaguei essa linha.

Parcimônias (0,57).

O melhor de ser esquizofrênico é poder ter a certeza de que, por pior que esteja a situação, eu nunca estou sozinho.

Mais um momento qualquer em uma vida qualquer.

Era mais um momento comum, em um dia comum de uma vida comum. Uma respeitosa senhora de 62 anos, viúva há 21 anos, solitária e triste, descia a escada rolante estática, com um olhar perdido e, as pesadas sacolas de plástico, carregadas com as super-ofertas do supermercado, rompiam levemente sua resistência e traziam-lhe a cada dedo que não resistia um rompante de realidade.

Aquele encontro não estava programado. Mas, quando seus olhos se cruzaram, não houve dúvidas: haviam sido feitos um para o outro. Ela caminhava em sua direção e ele permanecia parado. Quando percebeu que ela estava indo ao seu encontro, levantou-se, deu três passos para frente e abanou sua pequena bunda branca descontroladamente.

Apesar de nunca ter entrado em um lugar daqueles e achar completamente inadequado um lugar que vende alimentos vender animais de estimação, entrou na pequena loja e comprou seu companheiro.

Ele era lindo, branquinho, pequeno, com pouco mais de três anos e com todas as vacinas em dia, aquela criança era o sonho de consumo de muitas famílias. Mas, poucos se atreveriam a comprar crianças já com tal idade. Fora os custos: todos sabem que sustentar uma criança não é fácil, ainda mais nos dias de hoje.

Mas, para nossa decente viúva, isso não seria problema: o Brigadeiro havia deixado uma boa poupança e alguns confeitos que se desgrudaram sem que o mesmo houvesse percebido, antes de ser devorado por uma psicopata esquizofrênica que tinha mania de assassinar Brigadeiros a mordidas em suas crises tepeêmicas. Bom, mas isso não vem ao caso, o fato é que a nossa respeitosa senhora tinha uma bela poupança e, exatamente por isso, comprar e criar aquela criança não seria um problema.

Agasalhou e embalou pra viagem a sua criança recém-comprada. Chegando em casa, abriu o pacote, lavou bem a criança, passou perfume e talquinho, colocou um lacinho rosa na cabeça e deu para os cachorros: que brinquem com seu novo animalzinho de estimação.

sexta-feira, julho 08, 2005

Delete.

Ela se vangloriava de ter um incrível dom: o de deletar pessoas de sua vida. Sempre que era contrariada, deletava seu desafeto. Achava complicado ter que concertar as coisas, mudar, evoluir, ceder, conversar. Era mais simples, fácil e prático, deletar a existência da pessoa de sua vida. Tinham semanas, que ela deletava até duas pessoas simultaneamente. Mas, deletar duas pessoas era um caso raro, só acontecia na TPM. Assim, viveu 40 anos de sua vida deletando pessoas, cada vez mais e por motivos que foram se banalizando com o passar do tempo, sem o menor pudor. Até o dia, que conheceu alguém que também tinha o dom de deletar pessoas. Inevitavelmente eles brigaram e, ela foi deletada primeiro. Nunca mais ninguém teve notícias suas.

segunda-feira, maio 16, 2005

O bailar do arrependimento.

Ela tinha ido para o cemitério. Sei lá, talvez tenha achado que era um bom lugar para chorar.

Eu estava em casa, com um misto de raiva, frustração e angústia. Um revirar na boca do estômago, um aperto no coração. A pressão devia estar mais alta que o Michael Jordan - eu tenho hipertensão. Isso é hora de pensar nisso?! Tenho é que achar um jeito de consertar a cagada que eu fiz. Bom, pelo menos já sabia que ela tinha ido para o cemitério – que lugar mais semiótico.

O dia estava quente perto do meio-dia naquele domingo. Quente e seco. O sol estava a pino e logo que entrei, pela entrada dos fundos daquele cemitério, senti um clima leve. Diferente do clima habitual desse tipo de lugar. Nessa hora percebi que os espíritos que ali residem apreciam a energia transmitida pelo sol. Diferente da Lua, que desperta nos corações solitários a lamúria e a solidão, mas isso já é outra história.

Ainda com certa dificuldade de locomoção, amparado por duas mulatas, digo, muletas, cruzei os corredores da morte. Via famílias inteiras, unidas, sem brigas, obrigadas a superar suas diferenças eternamente, um sobre os outros, sem nem ao menos poderem rir disso juntas. Prestei muita atenção no fim, o escuro, o dia “D” – derradeiro –, final, o vai ou vai, sem a possibilidade da palavra racha. E pude enxergar, ali, com um pouco mais de concentração, que o arrependimento bailava entre os epitáfios. Sem nenhuma timidez, o arrependimento se mostrava, ali, como um senso comum entre os defuntos. Assanhado como uma puta velha desesperada por qualquer troco ou uma carreira de pó ou angustiado como um mendigo atrás de pão com mortadela e uma dose de pinga para o seu café da manhã. Naquele instante percebi que havia errado. Vi meu fim, pude observar que a partir daquele momento havia mandado um convite irrecusável para ele. O arrependimento estava convidado a bailar em minha tumba.

Desesperei-me. Revirei aquele cemitério, deixei de pernas pro ar. Perguntei muito sobre a mulher de cabelo vermelho curto em prantos. Nada. Nem vivos, nem mortos responderam ao meio anseio. Não era possível, onde ela poderia estar escondida? Debaixo da terra, era isso! Estava claro como a mais cristalina das águas da Terra. Não tinha ferramentas, apenas minhas mãos, o meu ganha pão, e foram elas mesmo que usei para começar a cavar. Confesso que achei que fosse dar um certo trabalho, mas era um mal necessário, ossos do ofício, se é que você me entende.

Minutos depois me trouxeram pra cá. Estou aqui, agora, pedindo por favor para me dispensar, doutor. Eu sei que você pode estar me achando meio louco, mas seu não voltar lá, se não conseguir corrigir meu erro, o arrependimento vai receber o convite que eu mandei e vai dar a desonra de sua presença em meu túmulo. Posso ir, doutor?

quarta-feira, abril 06, 2005

Cinco segundos antes do ponto final.

“O Roberval morreu de parada cardíaca. A Ruth de enfisema. A Roberta de trombose. E eu? Vou morrer do que?” – Renata, 14 anos, estudante.

“Que gostosa! Olha pra mim vai, olha pra mim, quero comer sua xoxota sua vagabunda! Ah, como eu gosto de uma xoxota.” – Margareth, 40 anos, travesti.

“Tenho que planejar o melhor caminho, se eu for por dentro, não, não, dentro ta interditado por causa daquele buraco. É melhor ir por fora, mas aí, putz, aí é foda também.” – Durval, 36 anos, engenheiro da prefeitura.

“Porque será que ele disse aquilo? Será que ele quis dizer alguma coisa? Vou ter que conversar com ele.” – Dayan, 26 anos, homossexual.

“Se ele não me pagar dessa vez eu mato! Ahhhh mato! Aquele filha da puta. Vou esfaquear ele até as tripas escorrerem pelo seu bucho. 2 meses pra me pagar R$ 10,00... Esse merda vai ver com quem ele ta mexendo” – Jarbas, 38 anos, professor de matemática.

“Aquele padre é um gostoso, como eu queria transar com ele na sacristia. Quero dar que nem eu fazia com os outros, antigamente. Ele deve ter um pau gigante.” – Dona Yollanda, 72 anos, bisavó e carola de Igreja.

“...farofa, eu gosto de farofa. Será que vai ter farofa na casa da mamãe hoje? Acho que vou ligar pra ela.” – Roberto, 48 anos, filósofo.

“Como eu amo a minha família. Não posso deixar eles na mão. Mas eu vou conitnuar procurado um emprego. Tenho que achar um. Não posso deixar meu filho passar fome.” – Umberto, 19 anos, ladrão de banco.

“Assim que parar nesse ponto final vou encher a cara. O diazinho de merda.” – José, 38 anos, motorista de ônibus.

"No fim tudo é uma piada." - Charles Chaplin

sábado, março 05, 2005

Pecado é provocar desejo e depois renunciar.

Pecado é provocar desejo e depois renunciar diz:
Oi? Há quanto tempo... O q achou do meu nick? Hehehe...

Today is a good day to die diz:
Acho interessante, levando em consideração a sua tendência por preferir agir dessa maneira. O seu nick é uma forma de mostrar o seu verdadeiro "eu", criticando o que você é ou, deseja ser. É mais ou menos como aquela pessoa que mente falando a verdade... quer dizer, essa é apenas uma de minhas teorias.

Pecado é provocar desejo e depois renunciar diz:
Nossa!!

Pecado é provocar desejo e depois renunciar diz:
Deixa eu ver se eu entendi...

Pecado é provocar desejo e depois renunciar diz:
Vc quer dizer q eu sou do tipo q provoca desejo e renuncia?

Today is a good day to die diz:
Exatamente. Mas, não de uma forma explicita e planejada - quer dizer, não posso afirmar que não seja de uma forma planeja, na verdade eu prefiro achar que não seja. Talvez não você, sua consciência, mas o seu lado que age sem pensar - visto o seu gosto por divulgar fotos com pouca roupa. Isso é uma maneira de provocar para renunciar. Na verdade, arriscaria dizer que você alimenta até um certo prazer...

Today is a good day to die diz:
... por isso, seria algo como: provocar desejo para depois ter o prazer de renunciar.

Today is a good day to die diz:
Mas acho isso normal, na verdade é coisa de mulher...

Pecado é provocar desejo e depois renunciar diz:
Acho q vc tem razão! Eu abuso desse, q é um costume feminino.

Today is a good day to die diz:
Gostou da teoria? Inventei agora, sempre fui bom de teorias.

Pecado é provocar desejo e depois renunciar diz:
Tô achando q vc não tá muito bem... Está sem poesia hj... Não q deva estar sempre com poesia. Mas, tô preocupada. Poesia é sua marca.

Today is a good day to die diz:
A parte que as pessoas vêem, ou preferem ver, é a parte da poesia... é mais legal acreditar nisso. Eu também prefiro acreditar que sou assim sempre que possível. Mas hoje, realmente, estou chato e rabugento, hoje será um grande dia pra mim.

Pecado é provocar desejo e depois renunciar diz:
O fato de vc ser chato e rabugento não faz com q sua essência não seja a poesia. Grande dia, pq?

Today is a good day to die diz:
Essência, eu gosto dessa palavra. Sabe porque? Por que ela tem exatamente o sentido da poesia... Pode ser superficial como um perfume ou profunda como sua alma. Na verdade a essência no meu caso se aplica à superficialidade poética... Algo que eu uso de vez em quando, sempre que é do meu interesse.

Pecado é provocar desejo e depois renunciar diz:
Não se auto-deprecie! Essa é a parte q vc quer q seja sua essência! Somos nós que construímos nós mesmos.

Today is a good day to die diz:
Isso não é uma auto-depreciação, é apenas a realidade... e, como vc sabe, a realidade não é poesia. Muito pelo contrário, é chata, normal e cíclica. Por isso, eu teimo em fugir dela sempre que possível... Pra tentar buscar a poesia que falta em mim. A poesia está nas palavras, o resto que já está construído é a matéria, o real... Sempre que falamos ou escrevemos moldamos a realidade da maneira que a poesia dentro de cada um de nós ordena...

Pecado é provocar desejo e depois renunciar diz:
Se é isso q vc acredita, então assim é pra vc.

Today is a good day to die diz:
Claro, claro. Como disse, não acredito na maioria das coisas que escrevo ou digo... Esta é apenas mais uma forma de se auto-flagelar, uma maneira de encontrar a minha poesia...

Pecado é provocar desejo e depois renunciar diz:
Quer dizer q vc acha que está se auto-flagelando nesse exato momento.

Today is a good day to die diz:
Depende, se você acha que estar com uma arma apontada para o céu da boca desde o momento que a gente começou a conversar, seja uma maneira de se auto-flagelar, sim.

Pecado é provocar desejo e depois renunciar diz:
O q?

Pecado é provocar desejo e depois renunciar diz:
Vc está com uma arma apontada pra onde?

Pecado é provocar desejo e depois renunciar diz:
Hei, não faça nenhuma idiotice, estou indo praí...

Pecado é provocar desejo e depois renunciar diz:
Espere...

Pecado é provocar desejo e depois renunciar diz:
Tem alguém aí?

sexta-feira, janeiro 21, 2005

Muitas pessoas são bastante educadas para não falar com a boca cheia, porém não se preocupam em fazê-lo com a cabeça oca. - Orson Welles

A visão bifocal.

Assim que acordei percebi que aquele Filho da Puta tinha me enganado de novo. Lá estava ele, dormindo como se nada houvesse. Eu já tinha tentado conversar com ele diversas vezes, mas ele sempre foi grosso e preferia viver dando suas cabeçadas por aí. Mas dessa vez ele tinha passado dos limites, de todas as coisas impensadas, feitas por impulso e não inconseqüentes, essa era a pior. Ele fazia isso porque sempre contou com meu apoio, sempre passei a mão em sua cabeça. Mas, dessa vez eu havia pego ele em flagrante, não tinha desculpa que o tirasse daquela situação. Puxei ele em um solavanco pra fora e comecei a berrar, descontroladamente. Ele ficou ali, murcho, como se não fosse com ele. Aquilo foi me enervando, me tirando do sério pra dizer a verdade. Comecei a dar tapas nele e nada. Xingava de tudo que é nome, batia cada vez com mais força e no meio daquela briga eu repetia incessantemente: - Está doendo mais em mim do que em você. Mas dessa vez você tem que aprender. Dei tanta porrada, berrei tanto, que acabei desmaiando. Quando acordei, ele simplesmente não estava mais ali. Tinha me abandonado, para sempre, saiu. Depois de mais de trinta anos de relacionamento ele havia ido embora sem se despedir. A única coisa que desejei naquele momento foi que ele voltasse, se comigo por perto ele já aprontava, fico imaginando agora, sozinho e solto na vida. Em quantas bucetas sujas aquele caralho ia entrar?

A visão ciclope.

Foram 37 anos de convivência. Passamos por muitas aventuras juntos. Sem dúvida ele era um grande companheiro. Tá certo que nem sempre nos entendíamos no que diz respeito aos horários. Ele não queria saber, quando não estava afim de acordar ele me socava até eu acordar. E, por outro lado, tinham vezes que eu ficava ligado durante horas e ele nem aí, me ignorava sumariamente. Era uma relação muito cômoda pra ele, mas eu nunca reclamei. Às vezes ele ficava horas brigando comigo, eu fingia que não ouvia nada, eu sabia que a culpa não era minha afinal, quem me levava até a ação eram as pernas deles. O fato é que a nossa relação foi se desgastando com o tempo e eu já vinha pensando em uma maneira de fugir. Quando aquela buceta me acolheu tão bem daquela forma, cheguei à conclusão que ali seria um excelente novo lar pra mim. Ele perdeu o controle naquela manhã, me surrando, me xingando e me humilhando, foi a minha deixa. Aproveitei que ele desmaiou e fugi. Nunca mais quero ver aquele Filha da Puta, agora ele vai ter que se virar sem mim.

A visão holística.

Foi uma noite típica. Bebi feito uma cadela, procurei um otário qualquer, e dei sem parar durante a madrugada inteira. Desde que eu peguei AIDS, por causa de um merda de um namorado que resolveu me trair com um travesti sem camisinha, fiquei revoltada e sai trepando sem parar. Quando o idiota quer foder sem camisinha eu dou mesmo, não tô nem aí. É claro, que quando ele pede pra usar camisinha eu deixo. Mas, aquele idiota prepotente, quarentão, ficou babando assim que passei - modéstia a parte, e apesar da AIDS - sou uma puta de uma gostosa. Tenho um metro e setenta e cinco, seios fartos, bundinha empinada com uma tribal no lombo, olhos verdes e pele bem branca. O negócio é que sempre gostei mesmo foi de dar e aquele velho babão, apesar de tudo, tinha uma pica boa. Sei que acordei aquela manhã com um solavanco, a cena que se seguiu não foi nada agradável, ele berrava de forma descontrolada com o próprio pau, que louco. Parecia que ele sabia que eu tinha AIDS. Fiquei congelada de nervoso. Não sabia como reagir. Depois de um ataque histérico de uns cinco minutos, um monte de palavrões e de bater no próprio pau, ele desmaiou. O seu pau estava ali, jogado e cheio de hematomas... resolvi acaricia-lo um pouco. Vi que ele deu sinais de vida. Dei mais uma trepada. Era estranho, na verdade foi a sensação mais estranha trepar com um corpo inanimado. Mas, parecia que a pica tinha vida própria e tinha mesmo. O pau dele entrou com tudo em mim. Dei um pulo pra trás e vi que aquele cacete continuava dentro de mim e o melhor, me dando prazer. Resolvi leva-lo comigo.