Literatura de Bordel

Isto não é um blog! É apenas um pedaço de nada dedicado a minha loucura. Por isso, fique a vontade e CUIDADO para não pisar nos periquitos.

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Local: Lisboa, Lisboa, Portugal

Publicitário, 35 anos, carioca radicado em Lisboa. Este sou eu, pelo menos por enquanto.

sábado, outubro 02, 2004

Roda Viva

Já era tarde da noite quando aquela velha me abordou na Rua XV. Estava frio, era inverno e eu estava completamente embriagado.

- Hei, menino!
- Não tenho dinheiro.
- Não é isso o que eu quero.
- E o que é então?
- Segura meu pau.
- O quê?
- Meu pau, esse bastão aqui, segura.
- Pra que serve essa merda?
- Bate com ele na minha cabeça. Agora! Com toda a sua força.
- Como assim?
- Vamos, bate logo.
- Você quer que...
- É, vai, bate com esse bastão na minha cabeça.
- Eu não vou fazer isso porra nenhuma. Cê ta louca?!
- Bate, vamos.
- Eu não. Toma de volta esse bastão.
- Vamos menino, bate com esse pau na minha cabeça. Você vai gostar, vai gostar de ouvir o barulho da minha cabeça partindo.
- Cê tá mesmo louca não é velha. Que foi, fugiu do hospício?
- Vamos. Seja homem uma vez na vida e bata na minha cabeça.
- Já falei que não vou bater e pronto. Toma de volta esse pedaço de pau.
- Eu não vou pegar.
- Tudo bem, eu deixo aqui mesmo. Tchau e ben... hei, que porra é essa?
- Uma agulha infectada com Aids, agora é uma questão de vida ou morte.
- Como? Não, não, estou te entendendo.
- Funciona assim seu menino burro. Você tem cinco segundos pra pegar essa merda de bastão e acertar a minha cabeça, senão quem morre é você. Cinco, quatro, três, dois.

Meia hora depois eu ainda estava ali na Rua XV. Até que um bêbado de uns quarenta e poucos anos passou por ali.

- Hei, cara!
- Tô sem grana hoje.
- Não é isso que eu quero.