Literatura de Bordel

Isto não é um blog! É apenas um pedaço de nada dedicado a minha loucura. Por isso, fique a vontade e CUIDADO para não pisar nos periquitos.

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Local: Lisboa, Lisboa, Portugal

Publicitário, 35 anos, carioca radicado em Lisboa. Este sou eu, pelo menos por enquanto.

terça-feira, outubro 26, 2004

Adeus minha loira

Lembro como se fosse hoje a primeira vez que nos encontramos. Não sabia direito o que fazer e meus pensamentos eram confusos. Um misto de desejo e medo. Assim que encostei em você senti a palma de minha mão ficar gelada e suar. Dizem que isso é normal, pois até hoje tenho a mesma sensação quando nos encontramos.

Você foi sempre uma boa companheira. Na alegria e na tristeza estávamos juntos. Quando fui expulso de casa, quando meu patrão me demitiu, quando briguei com meu melhor amigo, quando ninguém sequer perdia tempo comigo, quando roubei a primeira vez, quando matei aquele cara, você esteve sempre ali, ao meu lado. Calada, me preenchendo, me ajudando. O seu jeito de me consolar sempre fazia os meus problemas desaparecerem.

Não que você já não tenha me dado alguma dor de cabeça, muito pelo contrário, já me deu muita. Mas, como em qualquer relacionamento, superamos isso juntos. Somos o que muitas pessoas chamam de uma união que deu certo.

Nos conhecemos há tanto tempo que nunca achei que fosse falar isso pra você: está tudo acabado entre nós minha loira. Esse é o fim do nosso relacionamento. A culpada não é você, sou eu. Eu mudei. Cansei de você, da gente, dessa união tão perfeita. Resolvi acreditar nos meus amigos, eles dizem que você está me matando. Sei que vai ser difícil pra você continuar a existir sem a minha companhia noite adentro. Mas tenha certeza de que está sendo muito mais difícil pra mim.

Por isso, hoje, estamos aqui nessa mesa. Nesse bar onde tudo começou há 26 anos atrás. Pra relembrar o que passamos e termos a mais que merecida despedida. Só eu e você, cerveja.