Literatura de Bordel

Isto não é um blog! É apenas um pedaço de nada dedicado a minha loucura. Por isso, fique a vontade e CUIDADO para não pisar nos periquitos.

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Publicitário, 35 anos, carioca radicado em Lisboa. Este sou eu, pelo menos por enquanto.

sexta-feira, outubro 08, 2004

A História de Roberto

Roberto era o que as pessoas costumam chamar de erro genético. A começar por seus pais, um traficante negro carioca e uma turista chinesa hippie. Nasceu na China, em um pequeno vilarejo, de nome quase impronunciável, a 456 quilômetros de Pequim. Lá ficou, como um estranho no ninho, 17 anos. Até resolver morar no Rio de Janeiro para procurar seu pai.

Claro que Roberto não encontrou seu pai e claro que conheceu o amor da sua vida. Ele se apaixonou por uma putinha da Atlântica e ela por ele. Viveram um romance que não devia nada a qualquer daqueles filmes mela cuecas americano, um pouco mais hardcore talvez. Roberto começou a fazer bicos como aviãozinho, doleiro de puta e só quando a coisa apertava fazia “uns ganho na gringalhada”. Viveram a plenitude do amor e acabaram caindo nessa maravilhosa rotina.

Mas, por um infortúnio do destino, sua mulher, o amor de sua vida (o amor por sua vida), foi assassinada. Seu corpo foi encontrado totalmente queimado de cigarro e com a garganta cortada, disseram que foi um de seus clientes que fez aquilo. Roberto, bom, não agüentou e perdeu seu rumo na vida, se entregando totalmente as drogas. Começou a dar o cu e a fazer uns boquetes para ganhar um dinheiro. Perdeu completamente a razão de viver. De vez em quando, mas só quando estava muito triste, pagava um travesti qualquer e arrebentava-lhe as pregas. Ele não conseguia se sentir mais atraído por mulheres.

Até o dia, em que completamente trincado de cocaína, enquanto dava pela primeira vez o rabo para um travesti, perdeu de vez o pouco que lhe restava de sua sanidade. Virou e acertou uma cotovelada, dada com toda a sua força, no maxilar do traveco. Ele desmaiou. Roberto foi até sua cozinha, pegou uma faca bem afiada e sem titubear cortou lentamente a goela dele. Depois, acendeu um cigarro e começou, com toda a tranqüilidade do mundo, a queimar o corpo inanimado do travesti.

Quando deu por si, desesperou-se. Chorou descontroladamente durante alguns minutos. Pegou uma caixinha de jóias, a única lembrança de sua amada e uma luva negra de renda, a única lembrança de sua mãe e começou a caminhar noite adentro. Até chegar lá em cima da Pedra da Gávea, ainda antes do sol nascer.

Ficou lá, pensando em tudo isso que foi narrado aqui, desde a época em que vivia na China até o ato que cometera minutos atrás. Ele estava a uma boa distância da beira do abismo, tinha medo de altura, e ficava contemplando o horizonte. Quando, os primeiros raios de sol sugiram, ele teve certeza: não merecia mais viver.

Caminhou passo a passo rumo à beira do precipício. Estava quase chegando a sua morte, quando um gato, com a barriga branca de dorso preto, pulou entre ele e o precipício. O gato olhou firmemente em direção a Roberto e ele para o gato. Foi um momento estranho, mas mágico. O gato soltou um miado e Roberto o colocou debaixo do braço. Deixando para trás, a caixinha, a luva e sua vontade de se matar.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

hehehe.... teve que reescrever ou conseguiu recriar história tão bizarra?

Outra coisa, o lay-out está maneiro, os textos também, mas os comentários.....

9:38 PM  

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