Não agüentei ficar ao seu lado e não tentar nada. Sabia que não podia tentar nada. Você nem sabe quem eu sou. O problema é que eu já te conheço há tanto tempo que às vezes chego quase a não resistir.
Cheguei em casa embriagado pra variar. Aliás, estou escrevendo essa merda toda completamente bêbado. Por isso, desculpa a letra e os possíveis erros de português. Nunca fui muito bom em português, bêbado então. Sentei no chão – na minha casa não tem cadeiras, mas isso você ainda não sabe – e comecei a transcrever meus sentimentos. É que sob o efeito do álcool fica mais fácil.
Conheço você há três anos. Você pode não se lembrar, mas dançamos forró em uma festa. Nunca dancei, quiçá forró. Você me desvirginou nessa arte e depois nunca mais dancei com ninguém. Você foi minha primeira e única. Desde então guardava comigo em segredo a vontade de te ter novamente em meus braços. Claro que em uma cidade como Curitiba te vi outras vezes durante esses anos. Claro. Mas você me esqueceu e eu passei a te admirar a distância.
De repente, por uma ironia do destino, fiquei amigo da sua melhor amiga. Não sabia que ela era sua melhor amiga até o dia em que reforçando a ironia do destino contei sobre você. Ela foi a primeira a ouvir a nossa história. Só quando terminei de contar, ela me falou que era sua melhor amiga. Depois, o pessoal que conhece você foi brotando aos montes na minha vida. Não sabia o que fazer. Pela primeira vez em três anos você estava novamente próxima de mim.
Passamos a nos encontrar. Eu era novidade para você, mas você era a mesma de sempre para mim. A cada encontro nosso conversávamos. A cada e-mail que te mandava ficava com medo. Mas, infelizmente, não sabia o que falar. Você se tornou intocável, inconquistável. Uma musa. Sei que isso tudo é louco demais e exatamente por isso nunca falei nada. Se o tivesse feito com certeza teria te assustado e te perderia para sempre. Estou condenado e como tal devo aceitar o meu destino.
Antes de ir quero que fique claro que não culpo você, muito pelo contrário, só tenho a agradecer. Toda minha vida ansiei amar alguém e você me proporcionou isso. Meu único lamento é não ter morrido quando tive você em meus braços, mas nunca é tarde. Adeus e até breve...
A carta não deixava dúvidas, se tratava de um suicídio. Mas o coração, cirurgicamente arrancado, colocado na mão esquerda da vítima, mostrava claramente que existia um novo serial killer na cidade.
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