Literatura de Bordel

Isto não é um blog! É apenas um pedaço de nada dedicado a minha loucura. Por isso, fique a vontade e CUIDADO para não pisar nos periquitos.

Nome:
Local: Lisboa, Lisboa, Portugal

Publicitário, 35 anos, carioca radicado em Lisboa. Este sou eu, pelo menos por enquanto.

domingo, janeiro 09, 2005

Pré-Saga.

Acordei com uma puta ressaca naquela manhã. As lembranças do noite que parecia não ter acabado estavam ainda amargas em minha boca. Flashes nebulosos de bichas pulando um em cima dos outros, de vadias curitibocas egocêntricas e de litros e mais litros de whisky, vodca e cerveja teimavam em voltar pelo meu esôfago. Corri para o banheiro, me ajoelhei e abracei a louça. Os jatos forravam o resto de mijo, sei lá de quem, que ainda estava por ali. A cada jato um flash, a cada flash a noite ia se montando de forma desordenada, como um filme do Tarantino, na minha cabeça. Até que, de repente, veio o flash que faltava: eu tinha feito o trato mais idiota da minha vida. Mas que merda! Tinha combinado com um amigo pintor a troca mais idiota da minha vida: um livro meu por um quadro dele.

Na verdade já havia tentado diversas vezes. Mas ele dizia que não podia se desfazer dos quadros, que tinha muito apego sentimental e essa babaquice toda. Mas isso só durava até um sujeito gostar e oferecer uma boa grana pela tela. Aí o apego sentimental sumia. O fato é que, de saco cheio de tentar ser convencido a me dar um quadro, ele me propôs uma troca: eu escrevia um livro pra ele, sobre ele, de umas oitenta páginas e ele me dava um quadro, qualquer um. Na hora me pareceu justo, afinal estava bêbado, chapado e sentado no chão de sua casa, rodeado de quadros, com um cigarrinho na mão. Topei na hora. Pareceu-me tão justo, tão certo, que resolvi não questionar. O único problema é que eu não sou escritor, não sei o que dizer a respeito dele e com certeza o tempo que vou demorar para escrever essa merda de livro, se é que eu vou conseguir, vai dar para ele pintar uns mil quadros.

Agora, além da ressaca tenho um livro para escrever. Oitenta páginas sobre o Juarez. Só mesmo um idiota como eu pra me meter numa fria dessas. Bom, como não vamos falar a respeito da minha idiotice – pelo menos não nesse livro – e sim sobre o Juarez vamos lá. Ah, sim, não posso me esquecer que ele pediu para não colocar ele envolvido em nenhuma viadagem. Isso ficou bem claro no trato: Felippe, você pode escrever sobre o que quiser, só não me coloque no meio de nenhuma viadagem! Nada de cu! Sem cu, ouviu? OK. Sem veados, nem cu Juarez.